outubro 05, 2010

Trabalho escravo: ainda existe?

O cúmulo da falta de respeito à cidadania é o trabalho escravo. O trabalho é considerado escravo quando é forçado e o empregador, usando de ameaça, mantém os empregados em sua propriedade.

Fiquei surpresa ao ver as estatísticas de resgate de trabalhadores escravos pelo Grupo de Fiscalização Móvel da Secretaria de Inspeção do Ministério do Trabalho e Emprego de 1995 até setembro deste ano.

Apenas este ano foram libertados durante as 69operações de fiscalização 1479 pessoas vivendo nesta condição de escravos.
Normalmente, estas pessoas escravizadas aceitaram as promessas de outras pessoas intermediadoras entre empregado e empregador denominadas de "gatos". Eles fazem falsas promessas de moradia e alimentação para ir trabalhar em fazendas a milhares de quilômetros de onde vivem. Frequentemente vão abrir matas para que as motosserras possam derrubar as árvores para criação de pastos. No início, elas recebem transporte e alimentação até o local do trabalho. Uma vez lá, ficam sabendo que estes "benefícios" já estão anotados em uma caderneta e que serão descontados do pagamento. São cobradas as ferramentas, a moradia e o vestuário a preços altos e que serão impossíveis de serem saldados.

Resumindo: já começam devendo o que nem ganharam. Este é apenas o início, pois são submetidos a viver em péssimas condições. Improvisam alojamentos, não tem água potável e a comida é escassa. Se doentes ou feridos não recebem nenhuma atendimento. Ficam a mercê da sorte. Se perdem algum membro, como uma mão ou um olho, recebem um valor simbólico e são mandados embora. Ficam distantes da cidade e do local de origem e por isso se tornam presas fáceis. Se pensam em fugir, são ameaçados ou punidos por capatazes.

Não dá para acreditar que em pleno século XXI, mais de 100 anos após a abolição da escravatura, ainda perdure esta triste realidade.

Falar em boas condições de trabalho e direitos civis é loucura para quem não tem nem ao menos a liberdade. É perda de tempo falar de qualquer direito trabalhista sem antes resgatar estas pessoas.

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