março 11, 2011

4 fatores para você pensar quando tratar sua postura corporal

Afinal, existe um modelo de postura correta?
Sempre disse a meus pacientes que vinham buscar um tratamento de correção da postura, que não existe um padrão postural para todas as pessoas. Se assim fosse, eu exibiria na parede de meu consultório uma linda foto com uma vista de frente, de costas e de perfil de um homem e de uma mulher para que pudéssemos ter um objetivo bem visível e definido. Não, definitivamente, não.
Além de causar uma frustação nas pessoas esta foto não deve nortear um tratamento. Para cada um existe um objetivo, ou seja, existe um potencial de melhora, um modelo próprio que o corpo dita como sua perfeição. As pessoas passam às vezes anos, por que não décadas, tentando ter uma postura que nunca conseguirão.

Se você se olhar no espelho de frente e de perfil perceberá que está achatando. Imagine que um fio no topo de sua cabeça está sendo esticado em direção ao teto. Tente ser esticado por ele. Você perceberá que crescerá alguns centímetros, que sua cabeça ficará mais em cima do tronco, sua lordose lombar diminuirá, sua barriga ficará recuada.

Sofremos ao longo do dia e de nossas vidas a ação da gravidade. Esta força nos empurra para baixo e nos achata. Por isso, ao longo de um dia apresentamos uma redução na nossa estatura que é recuperada durante a noite quando estamos dormindo através da reidratação dos discos que ficam entre as vértebras. No dia seguinte, estes discos se desidratarão de novo ao longo de mais um dia onde a ação da gravidade achatará a pessoa. Isto ocorre ao longo da vida e os discos vão, com o tempo, perdendo a capacidade de reidratação e assim as pessoas vão ficando mais baixas.

Outro fator que nos afeta é o estilo de vida. Uma pessoa sedentária terá uma postura diferente de uma pessoa dinâmica. Se você passa a maior parte do tempo sentado, você terá uma boa retração dos músculos das pernas, por exemplo.

Mais um fator: a atitude emocional. Uma pessoa introvertida, tímida, fechada em si mesma terá com certeza uma postura também fechada, com uma protrusão ou retração dos ombros, por exemplo.

Ainda existe o fator hereditário, quando herdamos a postura de nossos antepassados.
Então, um tratamento de postura não é apenas fazer alongamentos e fortalecimentos para ficar igual aquela pessoa tida como modelo de perfeição. Tratar a postura é ver todas as dimensões do indivíduo em questão e orientá-lo em todos os fatores que afetam sua postura: a gravidade, o estilo de vida, o emocional, a hereditariedade.

Uma pessoa ciente de seus limites saberá formular objetivos adequados e possíveis. Ela saberá construir seu modelo de perfeição.
  • Mas, como agir em relação à gravidade? Nunca iremos vencê-la mas, podemos dialogar com ela. Por exemplo, deitar uns 15 minutos após o almoço proporcionará uma descompressão dos discos. Fazer alongamentos também alivia as articulações.
  • E o estilo de vida? Se você trabalha sentado, organize-se para se levantar pelo menos a cada 50 minutos de trabalho. Você pode andar, alongar e até deitar.
  • Já o emocional, tente fazer uma leitura de seu corpo ao longo do dia e observar quais músculos você contrai quando está resolvendo um problema, conversando formalmente com alguém ou discutindo alguma questão mesmo com uma pessoa mais íntima. Você fica encolhido em determinadas situações? Você fica balançando a perna, com os ombros erguidos, aperta os dentes, levanta o queixo, olha para baixo,... Sua postura diz muito sobre você mesmo. Procure traduzir-se e a partir desta compreensão você descobrirá formas de não sobrecarregar o corpo com suas reações frente às situações da vida.
  • No que diz respeito à hereditariedade, já somos mais limitados. Se você tem uma hiperlordose lombar como sua mãe, você sabe que pode amenizá-la mas não ficará com ela invertida como um vizinho nipônico. Existe um limite imposto pela sua hereditariedade.
Por fim, a mensagem que quero deixar neste post é que um bom tratamento de correção postural vai além das técnicas propostas pelo fisioterapeuta. Portanto, fique de olho também nestas outras dimensões citadas.

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