julho 20, 2010

Ergonomia das cavernas às minas

Não pretendo falar de história com a propriedade de um estudioso da área, mas quero falar de momentos que nos mostram os elos com a ergonomia.

Elos encontrados

Eu te convido para irmos até a pré-história, mais especificamente no período Paleolítico (500.000 – 18.000 a.C.), era da Pedra Lascada.
Neste período o homem descobre os meios de dominar a natureza, caça, pesca, usa o fogo, vive em cavernas, porém ainda de forma nômade. Faz as pinturas rupestres registrando seu cenário e experiências.

Imagine-se lá. Você precisa quebrar um fruto de casca dura, atingir uma presa para se alimentar. Você pega uma pedra para bater neste fruto ou atirar sobre este animal. Qual critério você usaria para escolher esta pedra? Você pegaria a maior, a menor, a mais pesada, a que estivesse mais de acordo com seu objetivo de quebrar ou matar? Esta escolha é intuitiva, mas é marcada pela proporcionalidade entre o homem e a tarefa que se pretende realizar. Podemos dizer que aqui nasce a ergonomia, esta relação homem-ambiente?

O trabalho de subsistência, ou seja, aquilo que é necessário para sustentar a vida, é inerente ao homem e necessário para sua sobrevivência. Se a ergonomia é a ciência do trabalho (Montmollin, 1984), então a história do homem e do trabalho se misturam nos permitindo fazer as devidas alusões à história da ergonomia.

Mas vamos em frente. No período Neolítico (18.000 – 5.000 a.C.), era da Pedra Polida, o homem desenvolve utensílios agrícolas e domestica animais.

Por dominar mais a terra, ele passa de nômade para sedentário, sai das cavernas e passa a morar em casas. Esta mudança no seu modo de vida e de trabalho denotam um processo de complexidade crescente do trabalho produtivo, que veio a se reafirmar na Idade dos Metais (5.000 – 4.000 a.C.). Neste período as casa que formavam aldeias, passam a cidades, estados e reinos. Com o uso dos metais cobre, estanho e ferro, é possível a construção de armas para a defesa destes territórios.

O trabalho de subsistência ganha outros desdobramentos além de garantir a sustentação da vida. Era preciso proteger-se de perigos além de feras e dos fenômenos da natureza. O homem precisava se defender do próprio homem e por isso ele inventou a guerra, para garantir seu próprio território. Com as guerras vieram também os escravos oriundos dos reinos subjugados e a eles eram destinados os trabalhos mais pesados.

O espírito de ampliar seus horizontes fez com que este mesmo homem que guardava seu território inventasse a navegação para buscar o além mar.

Registros na história

Em meio a tudo isso os processos produtivos cresciam em variedade e complexidade. Historiadores da Medicina mostram em seus estudos uma associação entre trabalho e saúde-doença nos papiros egípcios e no mundo greco-romano. No entanto, quem estudaria as doenças do trabalho se este era realizado por escravos?

A início da preocupação pela patologia do trabalho são vistas nas observações do poeta Lucrécio (100 a.C.) sobre cavouqueiros de minas:

Não viste ou ouviste como morrem em tão pouco tempo, quando ainda tinham tanta vida pela frente?

Em outro post vamos entrar nas minas e conhecer esse trabalhador de perto.

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